"Comentarista faz comentario preconcêituoso"
São Paulo – O comentarista da RBS Luiz Carlos Prates atribui as mortes e  problemas no trânsito no país à popularização do automóvel. Em  comentário exibido na edição de segunda-feira (15) do noticiário local  da retransmissora da Rede Globo em Santa Catarina, ele afirma que  atualmente "qualquer miserável tem um carro". Esse fato decorre, em sua  visão, "deste governo espúrio que popularizou, pelo crédito fácil, o  carro para quem nunca tinha lido um livro".
'Qualquer miserável tem um carro', reclama comentarista da Globo de SC
Confira a íntegra do comentário
 É só isso, só isso. As pessoas saem absolutamente desatinadas por uma  pressa que não se justifica por nenhuma razão. Eu andei ontem na BR 101.  Nunca a tinha visto com tanto movimento nem em dias de semana. Ontem  (domingo 14) era metade de um feriadão. Quem tinha de ter saído tinha  saído, e ainda era muito cedo para voltar para casa. Mas o que é isso?  Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer  miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado em  uma gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade de  vida, mas tem um carro. E este camarada, casado, como não suporta a  mulher nem a mulher suporta ele, sai, vão para a estrada. Vão se  distrair, vão se divertir. E aí, inconscientemente, o cara quer  compensar suas frustrações com excesso de velocidade. Tem cabimento o  camarada não vencer a curva? Como se a curva fosse feita para vencer.  Quando o camarada morre sozinho, problema dele. Mas e quando mata um  inocente? Ontem, havia um acidente na estrada, no trecho norte da BR 101, eu vinha  para Florianópolis, era do outro lado. Os caras paravam do lado em que  eu vinha e atravessavam a pé para ver o que tinha acontecido. Com um  movimento absolutamente incomum, se um desgraçado – e esta é a palavra –  desgraçado é atropelada e feito um sanguinche na pista, o que é que vão  dizer? "Este trânsito insano". Insano é o cara que para o carro,  atravessa a BR para ver o que aconteceu com a outra pessoa. Então, é isso, estultícia, falta de respeito, frustração, casais que não  se toleram, popularização do automóvel – resultado deste governo  espúrio que popularizou, pelo crédito fácil, o carro para quem nunca  tinha lido um livro. É isso.
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 Prates foi instado a comentar o fato de que 11 pessoas morreram no  estado catarinense no feriado do dia da proclamação da República. No dia  de finados (2 de novembro), foram 20 vítimas fatais de acidentes em  rodovias.
 Em sua fala, o comentarista adicionou ainda questões ligadas ao  comportamento de habitantes de grandes cidades, como frustrações  decorrentes de dificuldades familiares ("casais que não se toleram") e  de questões socioeconômicas (morar em "uma gaiola que hoje chamam de  apartamento"). A combinação de fatores como esse, aliados à "estultícia"  seria, na visão dele, a razão das mortes.
 Prates é conhecido por comentários polêmicos e notadamente conservadores. Em dezembro de 2009,  por exemplo, ele declarou que João Baptista Figueiredo, o último  presidente da ditadura militar, "ensinou o caminho da verdadeira luta e  da verdadeira e legítima democracia". Disse ainda, na ocasião, que tinha  liberdade plena durante o regime autoritário.

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